calçadas separadas
Ontem tinha show.
Aquele que a gente combinou com semanas de antecedência. Você já tinha escolhido a roupa, inclusive, sua camisa tá aqui. No fim, ficou no papel, quer dizer no app de ingressos, como vários planos nossos que são ideias de algo bem legal, até.
A gente tentou. Não como quem finge, mas como quem se joga no caos e vê no que dá. Pra muita gente, voltar é burrice. Pra mim, não foi. O “e se…” não parava de zunir na minha cabeça como moto sem escapamento. Tentamos de outro jeito e até funcionou por uns dias. Paz estranha, dessas que vem com gosto de cigarro e vento frio na madrugada.
Faz duas semanas que não recebo seu “bom dia” piscando na tela do celular.
Que não sei em qual episódio de One Piece você parou. Que não tenho que ouvir sobre música nova ou notícia inútil do seu joguinho favorito. Não tem mais a praça no meio da semana, a coxinha engordurada e a conversa jogada fora com gosto de guaraná quente.
Você vai ser minha eterna saudade. Mas saudade, aqui, é só mais um bar fechado cedo demais, um Uber que cancela e me deixa no sereno. Eu continuo andando, desviando de gente, buraco e lembrança.
Eu te disse que você foi a melhor parte da minha história...e ainda é.
Só que agora, é cada um na sua calçada.
E eu vou seguir te amando, mas sem pedir carona pro seu caminho.
